terça-feira, 15 de junho de 2010

#4

Terceiro dia que nos encontrávamos fingindo que era por acaso. Entre nós pairava uma nuvem de intimidade e só era o terceiro dia. Nessa cena, na qual éramos atores e público, eu fazia o papel de um fumante compulsivo e ele de um barbeiro que estava ao telefone com a namorada. Quando a namorava desligava, depois de muitos desliga-você-primeiro, ele me perguntava o que eu queria e qual era meu nome. Eu poderia mentir, falar qualquer outro, mas eu respondia o meu nome primeiro. Com o devido cuidado soletrei as letras, primeiro o jota de jibóia. Ele não entendeu nada, pediu pra eu repetir, enquanto eu pensava que o jota poderia ser de janela e não de jibóia. Isso deixava as coisas claras demais. Em retaliação à ignorância dele ou a falta de audição e tato, não quis saber o seu nome.

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