terça-feira, 15 de junho de 2010

#1


Teve o dia em que fui te conhecer. Na verdade não era isso, era outra coisa. Já tínhamos nos visto uma vez de forma muito breve, coisa de cinco minutos. Lembro bem, você parecia feliz apoiado em um peito que parecia seu. Acariciando um braço que te era muito familiar. Mesmo que naquela época eu desgostasse da felicidade dos outros, teu sorriso não me incomodou. Quando declaramos os interesses, acordei mais cedo para comprar uma camisa nova. Aquela ocasião, aquilo que parecia um passo adiante, não mais pros lados nem para trás, pedia uma camisa nova. Ali, no nosso encontro, mesmo antes dos cumprimentos e gracejos, você me mediu com os olhos de ponta a ponta. Comentou sobre a barba que me caia bem e percebi que algo em mim não te agradava. Não podia ser a camisa nova, imaculada demais de qualquer coisa que fosse. Na hora pensei: são os meus joelhos. Eles eram escuros demais, chamavam a atenção numa bermuda um pouco curta e te ofendiam. Você tentava disfarçar com a boca o que dizia com os olhos embotados - só podiam ser os meus joelhos. Enquanto decidíamos o que fazer daquelas horas, talvez você tenha descoberto que a culpa dos joelhos escuros era minha e não da natureza. Talvez naquele momento você descobriu que eles eram escuros por conta das noites que passei ajoelhado rezando e pedindo para que aqueles momentos nunca mais se repetissem.

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